Família Ceneviva doa painéis fotográficos ao São Carlos Clube

Na gestão do ex-presidente Celso Luiz De Angelis Porto (2003-2005), durante as festas comemorativas dos 60 anos do São Carlos Clube, o icônico fotógrafo Thomas Ceneviva produziu painéis em PVC com fotografias de grandes eventos que marcaram época no Clube. Esses painéis agora foram doados e encontram-se na Sede Avenida para futuras exposições.

A família do fotógrafo detém um grande acervo com imagens dos eventos promovidos pelo São Carlos Clube, desde o início da década de 1950, bem como fotos aéreas da construção da Sede de Campo, como, por exemplo, a do Ginásio João Marigo Sobrinho.

 

Quem foi Thomaz Ceneviva

Nascido em Limeira, Thomaz Ceneviva mudou-se para São Carlos aos sete anos. Estudou na Escola Dante Alighieri, no Instituto de Educação Dr. Álvaro Guião e na Escola de Educação Física e tirou brevê para piloto de aviões no Aeroclube de São Carlos.

Ele foi um inovador e pesquisador da arte fotográfica e iniciou no comércio de fotografia em 1948. Abriu seu primeiro estúdio e laboratório na Rua General Osório e, alguns anos depois, mudou-se para a Avenida São Carlos.

Beatriz Helena S. Ceneviva Deiroz conta que o pai foi o primeiro a fotografar casamentos e batizados nas igrejas de São Carlos. Registrou ainda aniversários, desfiles, bailes de carnaval e de debutantes, festas do clima, festas e formaturas escolares, festas juninas, além de ter feito fotojornalismo para a imprensa local. Registrou também vários eventos cívicos, esportivos, políticos e de perícia policial.

Thomaz Ceneviva acompanhou o desenvolvimento do comércio e da indústria são-carlense, registrando a implantação das novas indústrias e de casas comerciais, e também o desenvolvimento e a implantação das universidades USP e UFSCar. Foi pioneiro no registro aéreo, fotografando o crescimento das áreas urbanas, central e periférica, tendo desde 1949 fotos aéreas no seu acervo.

Começou a pesquisar e implementar a fotografia colorida já nos anos 1950, tendo feito vários cursos em empresas como a Agfa Gevaert, no Rio de Janeiro, e Eastman Kodak e FujiFilm, em São Paulo. Além da revelação e impressão de fotos, também se especializou na revelação de dispositivos coloridos, popularmente chamados de slides. Até o final dos anos 1960, a impressão de fotos coloridas era realizada através dos antigos ampliadores fotográficos.

Acompanhando o desenvolvimento do processo fotográfico, foi pioneiro, mais uma vez, em implementar a revelação em cores, isso já no início dos anos 1970. Para tanto, trouxe para São Carlos equipamentos importados da Inglaterra e do Japão, que possibilitavam a revelação em uma hora.

Já nos anos 2000, adquiriu equipamento híbrido para impressão de fotos em papel a partir dos tradicionais negativos e de mídia digital, estudando e aplicando o uso do software Photoshop na restauração de fotos antigas e na edição e criação de fotos com efeitos especiais.

Ele deixou a fotorreportagem por volta do ano de 2005, dedicando-se mais aos serviços de laboratório, ou seja, como fotógrafo trabalhou por cerca de 57 anos, mas jamais deixou de buscar conhecimento e se atualizar com as inovações da fotografia.

“A atividade fotográfica, na família, teve início com Tommazo Ceneviva, meu bisavô, que implantou um estúdio de fotografia em Limeira por volta de 1900, seguido por seu filho, Antonio, nosso avô e pai de Thomaz. Nosso pai, desde criança, se interessou e aprendeu a arte da fotografia herdada do avô e do pai e quis dar continuidade a essa arte. Hoje em dia, dos cinco filhos, a dedicação à fotografia está com a Christina, que atua profissionalmente, Thomaz Antonio e o Paulo Victor, cada um atuando em áreas específicas”, conta a filha Beatriz.

 

O acervo

Beatriz explica que o acervo de eventos do pai conta com mais de 50 mil negativos, todos identificados com data e por tipo. “Este é o acervo que consideramos de caráter histórico, por registrar eventos variados da história são-carlense. O acervo encontra-se bem conservado e aguardando um posicionamento do poder municipal, seja através do Pró-Memória ou da Secretaria de Cultura, para que seja preservado.” Ela revela que também há um segundo acervo, que a família considera de caráter privado, com mais de 200 mil negativos, nos quais se encontram registrados vários casamentos, aniversários, encontros familiares, dentre outros eventos (desde 1948 até 2005).

 

Paixão pelo SCC

A filha relembra que o fotógrafo era apaixonado pelo basquete e pelo atletismo, tendo acompanhado jogos de basquete até o início dos anos 1980. Como fotógrafo, registrou várias competições e eventos esportivos que ocorreram no São Carlos Clube, dentre eles o da vinda do famoso time de basquete-show americano Harlem Globetrotters, que se apresentou no Ginásio João Marigo Sobrinho.

“Devido à sua atividade no comércio e na reportagem fotográfica, ele não conseguia estar com frequência no Clube para o lazer, mas procurava estar em alguns jogos, festas de Réveillons e eventos culturais. Como fotógrafo, participava registrando as festas, bailes, desfiles, exposições, dentre muitos outros eventos que eram promovidos pelo Clube”, finaliza. 

Thomaz nos deixou aos 83 anos, em 11 de abril de 2010. 

 

O acervo de fotos em papel fotográfico e digitais do Clube, cedido pela família Ceneviva, é de uso exclusivo do São Carlos Clube. As fotos pertencem ao acervo da família e foram autorizadas apenas para visualização e uso pelo Clube, não sendo, portanto, permitida a sua reprodução ou divulgação por terceiros.