Projeto mapeou espécies de árvores e aves do SCC

Em parceria com o biólogo Fernando Magnani, o Departamento de Relações Públicas tomou a iniciativa de listar as espécies de aves e árvores do Clube

O biólogo Fernando Siqueira Magnani aproveitou o período de quarentena para fazer um inventário de espécies de aves que frequentam o Clube e, também, das principais espécies arbóreas existentes no local. Todo o mapeamento foi listado, as árvores foram plotadas em um mapa para localização dos exemplares mais significativos e cada espécie de ave foi inventariada. Futuramente, todas as árvores serão devidamente sinalizadas e informações sobre as aves presentes serão disponibilizadas no Bosque para consulta.

Fernando explica que as árvores (em grupos como florestas ou isoladas em arborização urbana) são sempre importantes para o ecossistema, uma vez que: ajudam a evitar a erosão do solo; são responsáveis por melhorar a umidade relativa do ar graças à evapotranspiração, sendo que também liberam grande quantidade de água por evaporação, ajudando na formação das chuvas e na regulação do clima; fornecem sombra, o que ajuda a reduzir a temperatura do ambiente, como pode ser sentido facilmente no final de tarde no Clube; são responsáveis por “sequestrar” carbono em seus troncos, ajudando a reduzir o efeito estufa, que tem aumentado gradativamente a temperatura de nosso planeta; e também são em grande parte responsáveis pela perpetuação de processos ecológicos, como a cadeia alimentar, em que as árvores fornecem frutos e folhas para alimentação de outros animais e, assim, ajudam a manter a biodiversidade e a nossa espécie sadias.

Sobre a fauna, o biólogo esclarece que existe relação intrínseca e direta entre vegetação e aves e insetos; são interdependentes: “Muitas espécies não sobrevivem sem a outra. Desde o caso da polinização, em que abelhas e beija-flores carregam o pólen de um uma planta para outra, até interações menos conhecidas, como a dispersão, em que uma ave, após comer um fruto, pode levar a semente de uma espécie de planta para longe e assim dar oportunidade de ela nascer e colonizar uma nova área”. Os insetos, explica o biólogo, têm outra função importante, são consumidores e decompositores. “Eles transformarão a vegetação em matéria menor, que possa ser decomposta por fungos e bactérias, fertilizando o solo e, assim, ajudando as plantas a crescerem.”

 

Importância do mapeamento

Para Fernando, conhecer o que se tem no SCC é uma ferramenta importante para futuras ações de manutenção e ampliação tanto da estrutura como do próprio paisagismo. “Também é interessante disponibilizar a interessados o que o Clube preserva em sua área e a importância deles para a região da cidade onde está inserido. Ficou claro que ele é importante não somente para as aves que o frequentam, mas para o microclima da região toda. Junto com a arborização da USP, esta ilha de vegetação deixa toda a região com clima mais agradável no verão. Outro ponto interessante é que a prática da observação de aves é uma atividade em franco crescimento, muitas pessoas buscam esse passatempo para se exercitar e estar em contato com a natureza, e o ambiente do Clube se mostra propício a esta atividade.”

 

Árvores no Clube

O biólogo catalogou aproximadamente 35 espécies arbóreas. “A quantidade de indivíduos é grande, o Clube é bem arborizado, porém a diversidade é baixa, tem muitos exemplares de poucas espécies. Por exemplo, o ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), o jambolão (Syzygium cumini) e a sibipiruna (Cenostigma pluviosum) são super-representados, mas espécies como jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia), magnólia-branca (Magnolia ovata) e timburi (Enterolobium timbouva) possuem um ou poucos exemplares. Mas o Clube também abriga alguns exemplares de espécies de árvores em risco de extinção, como o cedro-rosa e a araucária, que também é símbolo de São Carlos e está no brasão municipal e na bandeira.”

 

Aves

Fernando inventariou pouco mais de 80 espécies de aves no SCC, mas com o tempo esse número pode aumentar. “Algumas aves migratórias usam as árvores altas do Clube para descansar. Foi possível observar espécies interessantes como tucanos-toco (Ramphastos toco), papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) e saí-andorinha (Tersina viridis). Esta última, aliás, é uma ave migratória que para no Clube para descansar e se alimentar de frutos. Têm também canários-da-terra (Sicalis flaveola) e, no momento do levantamento, oito espécies diferentes de beija-flores.”

 

Curiosidade

“Um fato interessante envolve um casal de gaviões-carrapateiros (Milvago chimachima), que fez da área do Clube sua morada fixa e seu campo de caça. Eles são literalmente donos do pedaço e investem em outras aves grandes como carcarás (Carcara plancus) e tucanos para afastá-los do local. Em outra oportunidade já presenciei esse mesmo casal com ninho e filhotes em uma àrvore na entrada do Clube.”

 

Fernando Siqueira Magnani

Biólogo, CRBio 56626/01